segunda-feira, 26 de maio de 2014

VAMOS TOCAR FOGO EM TODAS AS ESCOLAS

Escrevi no blog um texto sobre isso.
Como meus amigos leem aqui, mas não vão à Sala do Ruy, duplico o texto aqui e indico o link de lá.
Sou um homem do Século XX, ocidental, democrata, da pós-modernidade – seja lá o que isso signifique, culturalmente imerso nos paradigmas da Ciência, e com ela, um fazedor de tecnologias. Acredito-me conformado pela realidade e sendo um produto do meio ambiente, do exemplo e das escolhas pessoais.
Entretanto, minha educação começou em fins dos Anos Dourados (1959) e os valores da sociedade da época nada mais tem a ver com as concepções que os homens fizeram do ideal de sua humanização nos dias atuais.
Sabem o que isso significa? É necessária uma nova filosofia para a educação, pois a existente não dá conta da nova realidade. Já tem gente pensando isso e nisso. Tem pensadores falando em reforma. Outros em mudanças. Eu quero começar de novo, pois se o modelo filosófico de escola e de educação não consegue atender a demanda social, então não me falem em reformar sala, mudar móveis, “reciclar” professores. Isso já foi tentado e fracassou.
Vamos destruir tudo e começar outra coisa, e aí daremos o nome de escola para o que vier.
Ninguém está dizendo que devemos esquecer o pragmatismo de Dewey, onde a democracia é central, com o cidadão imerso no ambiente social onde, aí sim, o conhecimento faz parte do processo onde o indivíduo se desenvolve. Menos ainda, deixar de fora as ideias de Rousseau valorizando o indivíduo à máxima potência.
Como fã de Vygotsky vejo uma via de mão dupla onde o indivíduo é tão importante para a sociedade, quanto ela é fundamental no desenvolvimento do indivíduo que aprende. E nesse ir e vir enxergo essa coisa nova como um lugar da experiência, do empirismo à La Piaget, como o lócus onde ocorre o conhecimento do sujeito cognoscente.
Talvez, só talvez, o processo educativo tenha início na vontade do aprendiz em aprender, sei que Ausubel já afirmava isso desde os tempos dos hippies, mas os colegas professores de agora afirmam que o aluno da educação básica perdeu a vontade de estudar e isso é um baita problema. Sem a motivação nada acontece, é um deserto de ação mental.
Uma pitada de Weber nos avisa que para aprender é preciso vencer os “deuses e os demônios de cada um”, para na finitude da alma humana apreender o possível de cada um da tal realidade que nos envolve no mundo. E por falar em mundo, lembrei que o Paulo Freire deixou um recado na minha secretária dizendo em voz alta: é preciso deixar de lado a educação bancária e se indignar com a ignorância, pois sem isso não há cultura, mas sim colônia.
Para essa demolição e nova construção me embrulho nos exemplos, ideias e ideais de Lourenço Filho e Anísio Teixeira, lembrando deles que não se aprendem apenas conceitos, mas também, atitudes, ideais e senso crítico. Caramba! Como sou escolanovista até a raiz dos cabelos.
Escrevi algo nessa mesma direção em 1999, 2001 e 2004 (em periódicos), na imprensa tratei disso em mais dez artigos de opinião. Agora na vida pacata da aposentadoria só posso manter acesa a chama da revolta com o fracasso da escola, da indignação com a imbecialização dos meus irmãos brasileiros nesses depósitos de crianças, da solidariedade com meus colegas professores que acabam por se culparem pelo fracasso estrondoso do vil sistema educacional brasileiro.

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