quarta-feira, 24 de setembro de 2014

POR QUE O PT JÁ PERDEU







A perda do PT não foi de agora e sim de meados do ano passado, quando seu encanto se quebrou. Na época dos grandes swarmings de 17 e 18 de junho constatei: é o fim da Era Lula. E era mesmo. Ainda que vença as atuais eleições, a Era Lula já se encerrou.

Mas perdeu não apenas porque renunciou à tarefa de conquistar a opinião pública para ficar com a maioria das opiniões privadas dos pensionistas (e de outros beneficiários ricos e remediados) do Estado. Perdeu não apenas porque se conformou a ser a Arena da vez e vencer apenas onde o IDH é de "terceiro mundo" (como se dizia). E não perdeu apenas por que, tendo feito (ou sendo compelido pelas circunstâncias a fazer) tal opção, jogou para o alto qualquer critério ético ou de justiça ou de decência para caluniar seus adversários (como está fazendo com Marina).

Mas por que - além das razões apontadas pelo Magnoli - o PT perdeu?

1 - Perdeu, em primeiro lugar, porque perdeu o grande contingente de simpatizantes. Não há mais ninguém que, não sendo militante e não tendo interesse material direto (emprego, prebendas, financiamentos, apoios, patrocínios, comissões por fora), esteja disposto a defender o governo e o partido oficial. Avalio que o PT perdeu algo em torno de 80% daquela turma do OPTei.

2 - Perdeu, em segundo lugar, porque perdeu as ruas. Sim, os líderes e condutores de rebanhos do PT não conseguem mais encher qualquer praça. Só pagando. Tivemos a prova disso naquele desastrado 11 de julho de 2013, quando Lula e a pelegada das Centrais quiseram mostrar que ainda tinham o monopólio das ruas. Não tinham. Foi um fiasco. Assim como fiasco foi também a tentativa sórdida de abraçar uma estatal que ninguém está querendo privatizar, num golpe eleitoreiro cometido no Rio na semana passada. Faltou braços.

3 - Perdeu, em terceiro lugar, porque perdeu as mídias sociais. Sim, os internautas - em sua imensa maioria - não gostam nem um pouco da intervenção da militância petista organizada (MAV) no Facebook, no Twitter, no Google+ e em outras mídias. Sentem de longe o mau cheiro quando aparecem alguns desses robôs, repetindo sempre a mesma coisa que leram na rede suja de sites financiados com propaganda de estatais: Brasil247, Carta Maior, Conversa Afiada, Carta Capital, Outras Palavras, Opera Mundi, Revista Fórum, Jornal GGN, Sul21, Pragmatismo Político, Viomundo, Diário do Centro do Mundo, Tijolaço, O Cafezinho e mais um centena de blogs, menores mas não menos chapa-branca.

Um fato que pouca gente nota é que pelo menos 20 milhões de pessoas hoje no Brasil, que são agentes ativos da nova opinião pública emergente, não gostam nem um pouco do PT e do governo. Isso não havia. É uma novidade. São 10% da população, o que, em termos de rede, é muito significativo. Esse pessoal, é claro, não se concentra em Belágua, em Marajá do Sena, em Cachoeira do Piriá, em Melgaço, em Assunção do Piauí, em Bagre ou em Ipixuna. Nessas cidades Lula e Dilma podem nadar de braçada. Afinal, eles vivem da exploração da miséria. Combater a pobreza é um pretexto para manter a pobreza como clientela, como contingente de beneficiários passivos e permanentes de programas de oferta desenhados e executados top down. E mesmo nessas cidades, se vencerem as eleições, vão vencer ameaçando - explícita ou tacitamente - com a mentira de que os adversários vão cortar os benefícios que eles (o pai e a mãe dos pobres) generosamente concederam. Mas este talvez seja, dentre todos, o sinal mais eloquente de que o PT perdeu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário