terça-feira, 12 de agosto de 2014

Petrobras tem o direito de organizar a sua defesa; o que não pode é fraudar o Legislativo

A Petrobras pôs o seu departamento jurídico para fazer uma espécie de treinamento intensivo para enfrentar as vicissitudes das CPIs — especialmente da Mista, que é a que tem alguma chance de seriedade. Aquela feita no Senado, só pela bancada governista, não passa de uma piada grotesca.

Não há nada de errado nesse procedimento. Treinar, estudar, preparar-se etc. é até uma obrigação. Nunca ninguém reclamou disso. E não foi isso o que a reportagem da VEJA denunciou na semana passada e esmiuçou nesta. O que se fez foi coisa bem distinta: armou-se um esquema verdadeiramente criminoso para fraudar qualquer eventual chance de se fazer uma apuração a sério no Senado.

Perguntas foram previamente passadas aos depoentes. Mais do que isso: as questões que seriam feitas a José Sérgio Gabrielli e à própria Graça Foster, por exemplo, foram enviadas ao comando da estatal para que se fizesse um gabarito. Trata-se de uma grave afronta ao Poder Legislativo. Pior: constatou-se em tudo isso a mão grande do governo federal.

Não se pode censurar uma empresa sob investigação por organizar a sua defesa. Isso é coisa muito diferente da pistolagem política a que se assistiu.

Por Reinaldo Azevedo

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