Parlamentares que não ganharam entradas para assistir ao Mundial se revoltaram nesta terça e emperraram votação definitiva do Plano Diretor
Vereadores na Câmara Municipal de São Paulo (Divulgação/CMSP/RenattodSousa )
A agenda da Câmara dos Vereadores de São Paulo previa para terça-feira a segunda votação do Plano Diretor. Os vereadores, porém, paralisaram os trabalhos e a votação foi adiada. E quem pensa que divergências políticas motivaram a decisão da Casa engana-se: os vereadores se revoltaram mesmo foi com falta de ingressos para a abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira, no Itaquerão, em São Paulo. Como os ingressos foram enviados pela vice-prefeita, Nadia Campeão, apenas aos catorze líderes de bancada e ao presidente José Américo (PT), os outros quarenta parlamentares - inclusive dez vereadores petistas - se voltaram contra o governo.
Em solidariedade aos colegas sem ingresso, os líderes e o presidente da Casa informaram o governo que não aceitariam a cortesia. Os vereadores dizem que o presidente da CBF, José Maria Marin, havia prometido à presidência da Casa enviar bilhetes à organização do Mundial para todos os vereadores. Os parlamentares dizem que foram avisados no final de maio que o vereador Netinho de Paula, também do PCdoB, iria entregar pessoalmente os bilhetes. Mas na segunda-feira eles foram encaminhados em envelopes pela própria vice-prefeita.
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Oficialmente, a justificativa é outra. Para Eduardo Tuma (PSDB), os vereadores não podem votar um plano que "fica a mercê da vontade do senhor (Guilherme) Boulos, líder dos sem-teto". Lideranças do PTB, do PMDB e do PSD questionam a inclusão da emenda do governo municipal que vai permitir a construção de 2.000 unidades habitacionais no terreno onde está a Ocupação Copa do Povo, em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. A emenda do governo transforma o zoneamento do terreno de 150.000 metros quadrados em Itaquera em zona especial de interesse social (Zei), o que permite a construção de moradias populares com incentivos do programa Minha Casa Minha Vida. Vereadores de oposição e até da base governista acusam o governo de tentar faturar politicamente com os movimentos de moradia, que protagonizaram as maiores manifestações da cidade nos últimos três meses.
"É patético dizer que alguém não vai votar o Plano Diretor por falta de ingresso. Nem sabia que a Câmara tinha de receber ingresso”, disse Andrea Matarazzo (PSDB), ao lado do vereador Jair Tatto (PT). Responsável pela entrega dos ingressos, Nadia não se manifestou sobre o assunto. Já o Comitê SP Copa, da prefeitura, informou ao jornal O Estado de S. Paulo, através de nota, ter recusado a compra de 1.200 ingressos prioritários e afirmou ter recebido 94 cortesias “que estão sendo distribuídas de acordo com critérios de importância nas esferas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário”.
(Com Estadão Conteúdo)
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